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A Terra é uma grande superfície de plástico. Restos de embalagens, sacos de supermercado, garrafas pet, celulares, computadores, baldes, brinquedos, material de construção civil e outros produtos estão em todos os cantos do planeta, incluindo nas profundezas dos oceanos e dos rios. Uma pesquisa da Universidade de Leicester publicada pela revista científica Anthropocene mostrou que desde a Segunda Guerra Mundial a humanidade já produziu plástico suficiente para revestir toda a Terra.

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Ao ar livre, o sol encarrega-se de quebrar os fragmentos de plásticos em pedaços cada vez menores. No entanto, os polímeros que os compõem ficam na atmosfera. Segundo a pesquisa, boa parte dessa poluição está a espalhar-se pelo solo, ar e água em formato de grãos microscópicos altamente nocivos e que percorrem distâncias surpreendentes na superfície do planeta. Os grãos são encontrados nas cidades, na zona rural, nos oceanos, nas camadas polares e até em lugares remotos de todos os continentes.

O plástico tradicional é produzido a partir do petróleo. Nos últimos 50 anos, o consumo do material no mundo aumentou em 20 vezes. Cerca de 311 milhões de toneladas são produzidas a cada ano. Até o final deste século, a estimativa é que o planeta receba 30 biliões de toneladas de plástico. O impacto no planeta será colossal, segundo os cientistas.

A capacidade de reciclagem do plástico é muito baixa se comparada a outros materiais como o vidro e o papel. Um saco plástico, por exemplo, pode demorar até 500 anos para se decompor na natureza. Já a garrafa pet pode demorar até 200 anos. Alguns polímeros são considerados praticamente indestrutíveis.

O estudo da Universidade de Leicester conclui que a presença dessas moléculas representam o marco de uma nova era geológica. A confirmação dessa tese poderá pôr fim ao período do Holoceno, que teve início há 12 mil anos, e marcar o início do Antropoceno.

A tese estudada por geólogos avalia se as atividades humanas estão a alterar a geologia do planeta, como a radiação e as emissões de gases de efeito estufa. Segundo eles, o período Antropoceno já começou. E a presença de plásticos que alteraria o equilíbrio do planeta seria um dos motivos.

Quando muitos animais e plantas são extintos em pouco tempo, a geologia considera que o fenómeno significa o início de outra era. O termo “Antropoceno” foi criado em 2000 por Paul Crutzen, químico atmosférico que ganhou um Prémio Nobel. Ele significa que as mudanças que estão a acontecer na atmosfera são movidas pela ação humana.

No meio do Oceano Pacífico, entre a Califórnia e o Havaí, existe uma gigantesca ilha feita inteiramente de lixo. O nome é popularmente conhecido como o “Grande Depósito de Lixo do Pacífico.

Com aproximadamente o tamanho da Inglaterra, a ilha é formada por pedaços minúsculos de plástico que foram arrastados para um ponto de convergência de diversas correntes marinhas. Grande parte dos resíduos do Atlântico e do Índico também acaba dirigindo-se para o Pacífico.

Por causa das correntes e dos ventos, o lixo fica encurralado girando numa espiral gigantesca. Além do lixo que bóia na superfície, as manchas têm camadas de resíduos com até 10 metros de profundidade. A China, Indonésia, Filipinas, Tailândia e Vietname são os países que contribuem com mais da metade da quantidade de lixo plástico no oceano Pacífico. Um dos motivos é a falta de gestão de resíduos nesses países em desenvolvimento. Além da poluição e do descarte de resíduos em cidades nas costas, os rios também carregam o material para o mar.

Mas essa ilha de lixo não é a única. Existem pelo menos outros quatro lixões oceânicos similares, além de algumas formações menores nos dois extremos dos pólos do planeta. Há estimativas de que 10% de todo o lixo plástico – algo como 91 milhões de toneladas anuais – acaba nos oceanos. Ao chegar aos mares, a maior parte do material acaba afundando, mas cerca de um terço do total é arrastado para essas zonas de atração. Se o consumo continuar em 2050,os estudiosos acreditam que haverá mais plástico nos oceanos do que peixes. A consequência para a fauna é desastrosa. Uma vez que o plástico entra na água, aves, peixes tartarugas, baleias, focas e outros seres podem confundir o material com comida e muitos deles podem morrer sufocados.

Os plásticos menores são facilmente ingeridos por esses animais que se encarregam de disseminar a contaminação via cadeia alimentar. Como as ilhas de plástico têm alta concentração de poluentes orgânicos persistentes, com o pesticida DDT e dioxinas, a sua toxicidade é bastante alta. Até mesmo os plâncton comem as micro-partículas e absorvem as suas toxinas. Ao comer peixes que passaram por essas regiões, o ser humano ingere também os produtos tóxicos absorvidos pelos animais.

A melhor forma de combater esse problema ambiental é limpar a área completamente o que seria muito difícil para não dizer impossível. O ideal seria que os países cuidassem do descarte de forma responsável. Por enquanto, o mais fácil é reduzir o consumo de plástico. Por exemplo, não usar sacos plásticos no supermercado ou evitar o uso de bebidas engarrafadas. Outras medidas seriam as empresas inovarem em tecnologia e mudarem as suas matérias-primas para materiais recicláveis.