Há muitos motivos, empíricos e económicos, para se questionar a certificação PME Líder em Portugal. Muitos críticos apontam que essa distinção é um “embuste”, que serve apenas para “encher o ego de compadres”, sem considerar o real valor agregado das empresas. Além disso, a certificação PME Líder pode gerar o “empeno” do tecido empresarial porque:
a) dá acesso privilegiado a financiamento,
b) passa a mensagem aos empreendedores de que aquele é o caminho a seguir.
A PME Líder é uma distinção criada pelo IAPMEI (Agência para a Competitividade e Inovação) em parceria com o Turismo de Portugal. De acordo com o site do IAPMEI, a distinção tem o objetivo de “distinguir empresas com perfis de desempenho superiores, conferindo-lhes notoriedade e criando-lhes condições otimizadas de financiamento para desenvolverem as suas estratégias de crescimento e de reforço da sua base competitiva”.
No entanto, todos conhecemos empresas que receberam a distinção PME Líder e foram ou são investigadas por envolvimento em crimes, ou têm práticas comerciais ou de gestão de Recursos Humanos duvidosas.
Um exemplo extremo (mas nem por isso irrelevante ou incomum) é o caso da empresa de Maria da Conceição da Costa António, mais conhecida como “Kikas”, que é dona do bar noturno La Siesta, A empresa foi premiada como PME Líder três vezes, mesmo estando envolvida em crimes como lenocínio e branqueamento de capitais.
Este é um exemplo extremo, mas um exemplo da ligeireza de critérios com que é atribuída a distinção.
Para as pequenas e médias empresas em Portugal, a realidade de aceder a financiamento é menos que ideal. Essas empresas enfrentam dificuldades reais e muitas vezes não conseguem aproveitar plenamente as oportunidades de financiamento disponíveis. É fundamental reconhecer as disparidades, procurar soluções eficazes e tomar medidas para que essas empresas possam competir em condições justas.
O espírito da certificação PME Líder é, bem utilizado, uma boa forma de estimular a economia e competitividade do país. A montante das oportunidades do PRR.
Fonte: Observador.