Com a crise económica e a falta de oportunidades em Portugal, muitos profissionais qualificados têm escolhido uma vida no exterior. Em 2019, estima-se que mais de 30.000 portugueses emigraram, com a maioria procurando melhores condições financeiras e de trabalho.
Infelizmente, o êxodo de profissionais qualificados representa um grande risco para a economia portuguesa e acaba por minar a inovação e o desenvolvimento humano em Portugal. A emigração maciça está criando um vazio em vários setores da economia, desde agricultura até tecnologia. Isso dificulta o crescimento econômico e a melhoria das condições de vida no país.
O impacto negativo da emigração para a economia portuguesa é evidente quando a colocamos em perspetiva em relação aos rankings de desenvolvimento humano e inovação, considerando os últimos 20 anos. Portugal tem vindo a registar um declínio constante nestes rankings, especialmente quando se trata de inovação e força económica. Em 2000, Portugal ocupava a 25ª posição do ranking de inovação do Fórum Económico Mundial. Em 2020, caiu para a 33ª posição. Do mesmo modo, Portugal tem enfrentado dificuldades no ranking de desenvolvimento humano, caindo 3 lugares desde 2010.
Existem várias razões para este declínio nos rankings de inovação e desenvolvimento humano, mas a emigração de profissionais qualificados é certamente um grande contribuinte. Sem estes profissionais, o país tem dificuldades em manter a competitividade no mercado global. A inovação e a criatividade que estes profissionais trariam são necessárias para manter Portugal competitiva em nível mundial.
Para combater o êxodo, as políticas do governo português precisam incentivar e dar condições para o trabalho dos profissionais altamente qualificados. As oportunidades, salários e progressão de carreira devem ser competitivos em relação ao mercado mundial. Além disso, o governo deve investir mais em educação e formação, bem como aumentar o investimento no mercado de trabalho local.
A emigração em massa de trabalhadores portugueses qualificados é um problema que exige soluções efetivas e coordenadas. O governo, as empresas e a sociedade têm papéis importantes a desempenhar neste esforço. Precisamos atrair e reter talentos em Portugal para que mais empresas comecem a investir no país. No entanto, isso não será possível sem uma mudança significativa na política e nas práticas empresariais.
O caminho para resolver esta situação passa por um esforço colaborativo entre várias partes interessadas, incluindo o governo, combate a corrupção, aumento da transparência, investimento em educação e formação, e um compromisso corporativo para investir no mercado de trabalho local, oferecendo oportunidades competitivas, salários e progressão de carreira.
A emigração em massa de profissionais portugueses qualificados é um grande desafio para Portugal, que exige soluções eficazes. A perda destes profissionais qualificados mina a força económica e a inovação do país. Mudanças significativas na política governamental, práticas empresariais e no investimento em educação e formação são fundamentais para combater este problema. Só assim, conseguiremos proporcionar aos nossos profissionais as condições de trabalho e qualidade de vida que eles procuram.
Será que a execução do Portugal 2030 e PRR conseguirão, finalmente, inverter a tendência?
